Por Renilson Oliveira
Foto: Reprodução - Diário de Pernambuco
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O Complexo Novo Recife será votado nesta sexta-feira (30) pelo Conselho de Desenvolvimento Urbano (CDU) do Recife, que é formado por membros do poder público e de associações da sociedade civil, e deve ser aprovado sob forte onda de protestos, e ainda gerando muita desconfiança e incertezas.
O projeto prevê a construção de 12 prédios de 20 a 40 pavimentos, num trecho de 1,3 quilômetros de extensão do Cais José Estelita, localizado no Centro do Recife. O local está semiabandonado há mais de uma década.
De acordo com o Consórcio Novo Recife, o plano é construir oito prédios residenciais na parte central do terreno e quatro edifícios para uso comercial e hoteleiro nas duas extremidades. Da área total do projeto 36 mil metros quadrados - 35% da área total - serão destinados a uso público, para circulação e lazer, como manda a lei municipal.
Também
estão previstas praças, ciclovias, bares, restaurantes, quiosques, pista de Cooper,
abertura e criação de ruas para diminuir o impacto do trânsito no Cais José
Estelita e na Avenida Sul.
Segundo o diretor de
Desenvolvimento Imobiliário da Moura Dubeux, Eduardo Maia, os armazéns mais próximos ao Forte
das Cinco Pontas serão mantidos, preservados e transformados num centro
cultural a ser administrado pela Prefeitura do Recife.
"É um atentado à memória e à identidade da cidade", disse o arquiteto e professor da Universidade Federal de Pernambuco Tomaz Lapa, numa referência ao patrimônio ferroviário. "Mas, sobretudo, é um atentado à capacidade de circulação e à mobilidade", acrescenta, destacando a altura das edificações. Na avaliação do professor, prédio de 40 pavimentos "é incompatível com qualquer urbanismo seja, no Recife ou em qualquer outra cidade do mundo." Tomaz Lapa faz parte do CDU, representando a sociedade e defendeu a abertura da paisagem do Cais José Estelita para todo o Recife e não para a população que vai morar nos novos residenciais.
O fato é que há anos a área está abandonada pela população e pelo poder público, servindo de espaço para práticas delituosas, utilização de entorpecentes e fechando a tão falada visão do Recife. Não defendo o Consórcio e a “pseudo” revitalização do Recife, só estranho o fato da mobilização acontecer agora.
Por que não houve mobilização da sociedade para transformar a área antes do leilão, em 2008, quando o Consórcio arrematou num leilão a área da antiga Rede Ferroviária Federal S/A, após o término do processo de liquidação e extinção da RFFSA? Por que a Prefeitura do Recife não tratou todo o processo às claras? Quantos de nós não olhamos atravessado para o Centro da Cidade, margeando seus moradores e o comércio, taxando de popular – Povão? Quantos não imaginarão um bairro diferente, organizado e bem cuidado? No entanto, quantos se mobilizaram para tal fim? São tantas as reflexões...
Ações objetivas e práticas, muita fiscalização da sociedade e do poder público, e menos hipocrisia, talvez seja o caminho para um entendimento.
Fonte de pesquisa: Ne10 e Diário de Pernambuco
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